Os Anjos de Realengo e Marcelo Yuka

No fim de setembro, a Associação dos Familiares e Amigos dos Anjos de Realengo realizou um encontro com o músico Marcelo Yuka. A reunião foi no Condomínio Piraquara e teve como objetivo a apresentação do documentário “Armados”, uma co-produção do Canal Futura e da TVa2 Produções. O documentário teve a participação de Marcelo Yuka e de várias mães dos anjos todos vitimas de tragédias com armas de fogo, tema do documentário.

No início da reunião, os integrantes da produtora Tva2 Rodrigo, Paula, Mariana e Jaqueline prepararam a estrutura para apresentação do filme. Todos ficaram com os olhos grudados na tela onde se exibia a trama do documentário que muito tinha a ver com as famílias que foram vitimadas pelo uso (ou mau uso) de armas de fogo.

Devido a alguns contratempos, o músico Marcelo Yuka chegou um pouco atrasado. Mas todos os que o aguardavam foram brindados com uma reunião muito proveitosa.

Na chegada de Marcelo Yuka, a presidente da Associação dos Familiares e Amigos dos Anjos de Realengo, Adriana Silveira, que fez a apresentação dos presentes e bem fez um resumo da história das vítimas da tragédia da Tasso da Silveira contando o número de vítimas em total de 12 e dos sobreviventes no total de 11 adolescentes. Além do grupo das mães de Realengo, estava presente também o MC Cachorrão, colaborador da causa, que foi um dos organizadores da carreata em memória ao 1º ano da data.

Ao começar sua fala, Marcelo Yuka fez questão de destacar que não estava ali para um evento político, apesar de ser candidato à vice na chapa de Marcelo Freixo. Colocou que estava ali como uma vitima da violência e querendo conhecer outras vítimas da mesma causa que é o emprego da arma de fogo.

Marcelo falou que foi vítima de um assalto onde foi alvejado por nove tiros. Sendo sobrevivente, falou que o que ocorreu ali poderia acontecer a qualquer pessoa e que iria tentar fazer uma breve análise sobre o fato, onde apontou como problema a facilidade que se existe em se obter uma arma de fogo.

A facilidade de obter arma de fogo

De acordo com Marcelo Yuka, a facilidade está gerando vítimas todo dia, e, ainda segundo ele, o que aconteceu com os alunos da Tasso e com ele próprio, não se pode deixar passar em branco. – O fato de estarmos reunidos aqui é para que não se esqueça do que passou e que outras pessoas venham a se lembrar de que o que está estampada na camisa não é a saudade de filho, não é só uma injustiça que aconteceu, o que está estampado aqui é algo que aconteceu e pode acontecer com qualquer um a qualquer momento. Se esquecer de que aconteceu isso e vai acontecer de novo como se fosse uma surpresa, e não é uma surpresa, não é, é a facilidade que se tem para conseguir arma de fogo no Brasil, no Rio de Janeiro, não é uma surpresa e se vê que o filme mostra isso, se vê que aquela arma estava sendo teoricamente procurada há muito. Uma coisa é preciso ser dita, se fosse o filho do Luciano Hulk, do Eike Batista isso seria uma celeuma muito maior. Portanto para filho de pobre pode.  – disse o músico. 

Marcelo Yuka acrescentou:A justiça tem dois pesos. Cabe a nós segurar isso para que este peso não seja menor para sociedade. O que aconteceu aqui foi um absurdo. Não, isso não pode ser esquecido”.

As mães da praça de maio na Argentina.

Marcelo Yuka falou que na Argentina existe um grupo que se chama “Mães de Maio”. Durante a ditadura matou-se muito, e aí ele, que é homem, pessoalmente pôde ver o papel da mulher de uma maneira muito melhor, pois conseguiu perceber que historicamente foram as mulheres que mais se organizaram, não deixando a história ser esquecida. O movimento das Mães da Praça de Maio virou uma organização grande que hoje em dia possui até mesmo uma faculdade, criada a partir dessa ONG. “É muito importante, vocês se reunirem e terem visibilidade. Tem que ter visibilidade.” – disse Yuka, aos familiares das vítimas da tragédia de Realengo.

Srª Dalva e Mc cachorrão

A missão dos sobreviventes e das famílias da vitimas

Ainda de acordo com Yuka, “A sociedade não pode esquecer. Porque infelizmente o que aconteceu com vocês não é mais um problema só de vocês, é um problema de toda sociedade, e a sociedade tem que saber disto. Não pode isolar vocês aqui. […] Essa dor tem que ser de todo mundo. Vocês vão ter que lembrar isto na marra. Pra que isto não aconteça de novo.”

Marcelo Yuka conta que foi assaltado uma segunda vez após levar os tiros e pensou “isso não é coincidência, parece que Deus me deu essa missão mesmo, deu para eles e eles vão ter que levar adiante pela memória das pessoas, pela nossa dor e pela saúde dos outros, gente que não foi vítima, mas se não tiver gente pra chegar e falar esse problema existe, é calado como uma porrada de coisas erradas mortes e assassinatos que acontecem todos os dias.”

Yuka ainda fez referência a outro caso de violência : O do menino Wesley Andrade morto com um tiro de fuzil dentro de um ciep em Costa Barros. “Aquele garoto dentro da escola tomou um tiro no Ciep, o pai dele falou:”O que eu tinha que fazer como homem eu fiz, eu botei meu filho no colégio, agora faz uma operação policial do lado colégio com as crianças em aula acontece isso a culpa é minha? A culpa é do garoto?” Como é uma vitima só sumiu. Como anda a família desse garoto? Sumiu a dor dele infelizmente está sendo em vão. Por quê? Porque não tem essa visibilidade, essa organização. O Gandhi dizia uma coisa “nossa dor junta se canalizada é capaz de mudar o mundo” o problema é saber canalizar isso, se não fica só desespero, fica só com a saudade.”

Os anjos e Marcelo Yuka

Ouça a mensagem deixada por Marcelo YukaDeclaração M. YUKA

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